O Brasil e o Ano da Polarização Silenciosa

Mesmo sem eleições em curso, o país vive tensões políticas constantes — discretas por fora, mas fervendo nos bastidores.
2025 não é ano de eleições, mas engana-se quem acha que o cenário político brasileiro está em descanso. As movimentações em Brasília, os discursos afiados e as estratégias silenciosas de poder seguem a todo vapor — e estão moldando o que será disputado nas urnas em 2026. Fora dos palanques, a polarização continua viva, só que menos barulhenta e mais estratégica.
A pauta do momento parece ser uma só: posicionamento. Mesmo que não seja explícito. Governadores antecipam alianças. Figuras públicas ensaiam falas. Partidos costuram bastidores com habilidade quase invisível ao grande público. E enquanto isso, nas redes sociais, o debate segue dividido — mas agora com um novo componente: o cansaço.
O desgaste da população com o embate político constante tem feito crescer uma “terceira força”: os que optam pelo silêncio, pela neutralidade ou simplesmente pela fuga do assunto. Mas esse silêncio também comunica. Ele revela medo, saturação, desconfiança.
Em meio a tudo isso, temas como a reforma tributária, a crise ambiental e o avanço da inteligência artificial na política são discutidos com pouca atenção popular — o que representa um risco real: o desinteresse abre espaço para decisões sem fiscalização.
“A polarização continua — só aprendeu a sussurrar.”
Participar da política não significa entrar em guerra de opiniões. Significa observar, questionar, refletir. Mesmo nos anos ‘sem eleição’, a democracia segue sendo construída (ou desconstruída). O silêncio é confortável, mas não deve ser permanente. Porque, no fim, quem não escolhe, será escolhido por alguém.