Rebeca Andrade conquista duas medalhas inéditas para o Brasil em Tóquio

“Eu sou preta e vou representar todo mundo. Preto, branco, pardo, todas as cores, verde, azul e amarelo. No esporte não tem que ter isso, você tem que representar todo mundo.”
A atleta olímpica superou a si mesma e conquistou a medalha de ouro para o Brasil na final do salto neste domingo, 1 de agosto, fazendo história mais uma vez.
Rebeca Rodrigues de Andrade é uma ginasta artística brasileira, de 22 anos, campeã olímpica, que compete pelo Flamengo. Fez história nos Jogos Olímpicos de 2020, tornando-se a primeira mulher ginasta brasileira campeã olímpica e a primeira atleta do Brasil a ganhar duas medalhas numa mesma edição das Olimpíadas.
Rebeca Andrade em Tóquio
Ela é mulher, é negra e acaba de chegar ao topo do mundo. Mas acima de tudo, é um ser humano e tem uma história única para contar.
Filha de Dona Rosa, essa que é mãe solo de três filhos em Guarulhos, São Paulo. Empregada doméstica e apoiadora de seus filhos. Ela contava com a ajuda de seu filho mais velho para levar à ginasta aos treinos, sendo de bicicleta ou a pé, quando não tinha dinheiro para condução.
“Quando eles viram que ela tinha talento, eles (os irmãos de Rebeca) se dedicaram. Quando ela achava que era hora de desistir, porque não tinha dinheiro para a condução, o irmão falava: ‘eu levo ela a pé’. A distância era de duas horas caminhando”. Diz dona Rosa.
Com dificuldades financeiras, Rebeca se afastou dos treinos por um período, mas os técnicos organizaram um esquema de rodízio para levar a menina aos treinos. Depois, um dos irmãos, Emerson Rodrigues, na época com 15 anos, comprou uma bicicleta para levar a irmã.
Em sua rede social, Rebeca, logo após subir ao pódio, fez questão de agradecer seu treinador Francisco:
“Esse é meu treinador. O TREINADOR! Segurou todas as barras junto comigo e me transformou na melhor atleta/pessoa que eu posso ser! Obrigada por nunca desistir de mim e não dar atenção as críticas feitas a você! Essa é a nossa história, a nossa vida e a nossa medalha! Eu te amo e obrigada por tudo”.
Rebeca sempre fez questão de exaltar a relação que tem com o técnico. Ela o considera como um pai.

Apesar de não ter conquistado mais um pódio, Rebeca encerrou a disputa com uma participação histórica, em que superou lesões, falta de dinheiro e pessoas que não acreditavam em sua trajetória, conquistou duas medalhas inéditas para o Brasil, mostrou o “Baile de Favela” para o mundo e assumiu as primeiras posições no ranking mundial do esporte.
Parabéns, Rebeca Andrade! Você merece ser reconhecida pela coragem que te levou até o topo.