Bebê de um mês morre após consulta de rotina em Vila Velha

Um bebê de 35 dias, chamado Miguel, morreu após passar por uma consulta de rotina na manhã desta segunda-feira (21), em uma clínica de Vila Velha. Os pais teriam levado a criança ao local após apresentar sintomas de refluxo, já que havia sido diagnosticado anteriormente com a doença.
Segundo o depoimento do pai, Ronaldo dos Santos Costa, que é advogado, a família ficou aguardando enquanto o médico realizava outro atendimento na sala ao lado e uma equipe fazia o reparo de um equipamento do consultório. Ele afirma que aguardaram durante mais de meia hora até a consulta ter início.
O pai teria informado ao médico o histórico da criança e quando a mãe tirou a roupa do bebê para o exame, perceberam que a criança havia evacuado. O médico seguiu até o banheiro, onde ligou a torneira e a colocou de cabeça para baixo para realizar a limpeza, por aproximadamente dois minutos.
“Nesse momento eu achei estranho, porque ele pegou meu filho, e virou de cabeça para baixo e falou: vou mostrar para vocês como se dá banho em menino. Abriu a pia do consultório mesmo, água gelada, e jogou água no menino, com o menino de cabeça para baixo, sendo que ele tinha acabado de mamar”, relatou.
Ainda segundo o depoimento do pai, o médico teria afirmado que essa seria a forma correta de limpar o bebê. Entretanto, após o tirar da pia, o bebê começou a ficar roxo, com a frequência cardíaca e a respiração diminuindo rapidamente.
Segundo Ronaldo, o médico teria agido com frieza no momento em que comunicou que o coração de Miguel estava parando.
De acordo com o pai, ele e a esposa teriam se desesperado assim que ouviram a informação e começaram a gritar por socorro.
“Ele pegou, colocou na mesa, agiu normalmente, como se estivesse tudo bem. Ele pegou o estetoscópio, e falou: é, o coração está parando de bater mesmo. Nesse momento eu e minha esposa nos desesperamos, começamos a gritar para ligar para a emergência”, relatou.
Morte de bebê: Samu foi chamado ao consultório
O especialista constatou a diminuição de batimentos e o pai saiu da sala pedindo que acionassem o Samu. Entretanto, segundo uma das médicas da emergência, o bebê já estava morto ao chegarem no local.
Segundo o pai, o médico continuou afirmando que “estava tudo bem” e que, após a chegada do Samu, ele chegou a realizar outros atendimentos.
Meu filho já estava morto quando o Samu chegou. Eu não estou imputando ou acusando ninguém, só quero que a causa da morte seja apurada, e que se houve realmente algum tipo de negligência ou imperícia por parte do profissional, eu só quero a responsabilização, a justiça. Não recebi uma palavra do médico, minha esposa está destruída, em choque.
Em depoimento, o médico confirmou que a criança teria começado a apresentar os sintomas no momento em que realizava a limpeza e que havia chamado o Samu para realizar o atendimento médico o mais rápido possível.
A perícia foi acionada e, em nota, a Polícia Civil informou que as partes foram conduzidas à Delegacia Regional de Vila Velha e a ocorrência estava sob a responsabilidade da Central de Teleflagrantes.
De acordo com Davi Metzker, advogado do médico, o profissional contesta a versão apresentada pelos pais do bebê.
“Não houve isso, ele esclareceu que não foi esse o procedimento adotado, mas tenho certeza de que a delegacia vai chegar à conclusão do que realmente aconteceu, mas não foi esse o procedimento adotado”, afirmou.
O médico foi ouvido pela polícia e liberado.
OAB-ES se manifesta sobre o caso
Após o caso, a diretoria da Ordem dos Advogados Brasileiros do Espírito Santo (OAB-ES), divulgou uma nota onde confirmou que membros de comissões da OAB-ES prestaram assistência inicial à família e que a Seccional deve acompanhar de perto toda a investigação.
Membros de comissões da OAB-ES, imbuídos de seu espírito voluntário e humano, estão prestando assistência inicial na delegacia do município. O médico que atendeu o bebê foi conduzido para a 2° Delegacia Regional para prestar esclarecimentos. A dor deste pai advogado é a dor de todas as famílias da advocacia e por isso a Seccional acompanhará o caso junto às autoridades competentes.
Ainda afirmaram que a notícia foi recebida com tristeza, prestando solidariedade à toda a família.