Acredito que os nossos pensamentos nos dirigem levando nossa vida, indicando direções e determinando o nosso caminho. Nossas atitudes e perspectivas vêm pelos nossos pensamentos que afetaram os nossos relacionamentos familiares, sociais e emocionais. Nossos pensamentos exercem influência sobre a nossa qualidade de vida, determinando o quanto seremos ativos, proativos, produtivos na vida profissional e financeira.  O fracasso na vida de uma pessoa pode acontecer com um pensamento, assim como o sucesso.

A forma como nutrimos e processamos os pensamentos, o que ouvimos, vivenciamos ou decidimos fazer, determinará nosso comportamento. Se você acha que não pode fazer ou alcançar algo é bem provável que não consiga. A forma como você encara e gerencia as emoções, sentimentos, problemas, traumas, dor e sofrimento determinará o resultado.

A igreja como “Corpo de Cristo”, assim como seus pastores, lideranças, membros em geral, vivem um tempo de adoecimento psíquico, transtornos, síndromes; doenças de fundo emocional nunca foram tão crescentes no mundo como agora, incluindo esse público. As igrejas cristãs, pentecostais e neopentecostais, que antes enfatizavam as doenças físicas se veem hoje de mãos atadas diante de uma triste realidade – as doenças psicossomáticas estão crescentes, atingindo inclusive pastores, lideranças e seus membros. Estatísticas comprovam o crescente número de suicídio entre pastores, gerando conflito entre a fé e o suicídio.

 

Principais causas de doenças emocionais entre pastores e lideranças eclesiásticas

De acordo com o Instituto Schaeffer, “70% dos pastores lutam constantemente contra a depressão, 71% se dizem esgotados, 80% acreditam que o ministério pastoral afetou negativamente suas famílias e 70% dizem não ter um amigo próximo”.

A causa mais comum noticiada para o suicídio de pastores e líderes é a depressão associada a esgotamento físico e emocional, traições ministeriais, baixos salários e isolamento por falta de amigos. Sim, pastores têm poucos amigos, e às vezes nenhum. Isso é visível em reuniões nas quais a maioria conta proezas, sucessos, vitórias e conquistas na presença dos demais, num clima de competição para mostrar que possui êxito no exercício ministerial. Entretanto, quando a conversa é íntima, o sofrimento se revela. Boa parte está cansada e desanimada. Muitos possuem dificuldades no cuidado com a família e as finanças de alguns estão desequilibradas.

É urgente que se perceba a humanidade limitada e finita de pastores e líderes.  Como humano que somos, é urgente cuidar do nosso bem estar psíquico.

Encontrar um mentor, conselheiro ou terapeuta de confiança para abrir a alma. Pessoas de confiança, “Titos” e “Marcos” são imprescindíveis nas horas difíceis, diante das lutas da vida que parecem invencíveis.

As Instituições precisam promover encontros de pastores que possuam caráter terapêutico/curador. Com facilitadores habilitados na condução de compartilhamento de emoções que afetam a vida pastoral. (https://sepal.org.br/suicidio-de-pastores-e-lideres-uma-reflexao-necessaria/).

Ao olhar as palavras do apóstolo Paulo, percebe-se como o Senhor usou a chegada de Tito para consolá-lo, quando ele passava por conflitos internos e externos. Há alguns anos, a psicóloga Fátima Fontes, quando perguntada sobre livros que pudessem ajudar em momentos difíceis, respondeu com brandura e firmeza: “Nesses momentos, não precisamos de livros, precisamos de amigos”. É verdade, parece que é isso que o apóstolo deseja ensinar, quando menciona a chegada de Tito, bem como o pedido que faz a Timóteo em uma carta, no final de sua vida: “traga Marcos com você porque ele me é útil” (II Tm 4.11). É notável que nos versos seguintes ele pede a capa, os pergaminhos e os livros. Mas primeiro ele precisava de uma pessoa, Marcos.

Uma das feridas mais letais para o adoecimento emocional, depressão e pensamentos suicidas é a RAIZ DE AMARGURA.

No livro de Hebreus 12:15:“Atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus, nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados;”. A contaminação nas emoções e sentimentos tem crescido assustadoramente nos últimos 15 anos.

“A raiz de amargura que contamina” passa de geração para geração. Há famílias inteiras contaminadas com raiz de amargura. O Pai contaminou o filho, o filho contaminou o neto, o neto contaminou o bisneto; e são famílias amarguradas. São famílias que não conseguem ser felizes sempre presas a injustiças, humilhações, dores do passado uma raiz geracional de amargura.

Não passes para os seus filhos nenhuma contaminação. Isso adoece. A mente grava coisas incríveis, principalmente a criança na faixa etária de 03 aos07 anos, ela grava o bem e o mal, e para a criança o mal tem o sentido literal. Já na faixa etária dos 09 aos 12 anos, as injustiças são tomadas como seu dever em resolvê-las, suas fantasias estão latentes, e se veem como um super-herói. No entanto, frustram-se com facilidades quando batem de frente com a impotência diante da real situação. Muitas Crianças apresentam quadros leves de depressão nessa faixa etária da vida. Já na faixa dos 13 aos 17, período da adolescência, as cargas hormonais muitas vezes estão oscilando, levando os sentimentos e emoções aflorarem e as explosões de raiva, ira, a transição entre a fase infantil e adulta traz suas complicações. Filhos influenciados pela raiz de amargura estão propícios a desenvolver aversão por figuras de autoridade, carregando para vida adulta uma carga emocional negativa da vida.

Diz Jó 11:13 ao 16:“Se dispuseres o coração e estenderes as mãos para Deus; se lançares para longe a iniquidade da tua mão e não permitires habitar na tua tenda a injustiça, então, levantarás o rosto sem mácula, estarás seguro e não temerás. Pois te esquecerás dos teus sofrimentos e deles só terás lembrança como de águas que passaram”. Concentre-se naquele que cura as feridas, e não nas feridas. O teu passado não é o teu futuro são águas que passaram.

Em Provérbios 4:25: “Os teus olhos olhem direito, e as tuas pálpebras, diretamente diante de ti.” Não deves olhar o mal. Olha direito! Abre o teu coração, estende as mãos para Deus. Aquilo que te machucou são águas que passaram.

Isaías 65:17: “Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas.” Não haverá lembranças de coisas passadas. Isso se chama cura.

Deus diz em 2ª Coríntios 1:4: “É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus.”

As feridas chamadas gêmeas da morte: Amargura e mágoa

Mateus 15: 13. “Ele, porém, respondendo, disse: Toda planta que o meu Pai Celestial não plantou será arrancada”.

A amargura é uma dessas plantas, cujo plantio é feito na alma, e a maior de todas suas raízes criam outras, que saem a partir dela. São cruéis e têm invadido corações em quase todas as esferas da igreja, principalmente, lideranças ministeriais (pastores, pastoras, obreiros e líderes em geral).

 A mágoa é uma hipersensibilidade emocional relacionada a uma situação ou pessoa que um dia nos machucou. É como uma mancha roxa na alma. É uma machucadura emocional que deixa super doído. Tocou, dói.

A amargura, por conseguinte, ainda que seja quase a mesma coisa, é mais profunda, é mais dinâmica. A mágoa é passiva. Mas a amargura é ativa, e cresce por si mesma, e cria raízes, e se expande, sempre agregando novos elementos de justificativa da amargura a ela própria.  A mágoa é fruto de trauma. Já a amargura é filha do trauma que se tornou um filete de raiva ou até mesmo de ódio. A amargura pode se tornar um espírito. É necessário urgentemente o processo, antes que ele se torne numa rixa. Pois, quando vira rixa, o sentimento contencioso, fruto da amargura, não cessará até que algum se arrebente.

A amargura é um sentimento psicologicamente suicida, em relação a quem o vive; e é homicida, em relação a quem se pratica o sentimento como arma e vingança. Nem todo aquele que magoa alguém será visto como inimigo de tal pessoa. Mas aquele que amargura alguém, esse com certeza será tratado como um inimigo; e receberá todos os ataques da milícia emocional do amargurado; o qual viverá dedicando muito de sua energia à vingança, ou, no mínimo, à vitória sobre o outro. A amargura é venenosa e cresce como um câncer. E não cessará de crescer até que destrua o outro e com ele não destrua a si mesma.

A amargura não convertida em arrependimento pela Graça, não cessa nem quando destrói o objeto da dela, posto que ela se torna um estado na alma do amargurado. O escritor de Hebreus nos diz que uma raiz de amargura pode contaminar todos os vínculos à nossa volta. A amargura de um pode se tornar um espírito em muitos. Ande com o amargurado sem percebê-lo como tal, e você se tornará sutilmente como ele. Por esta razão, quando um casal fica amargurado um com o outro, dificilmente haverá cura, a menos que surja uma grande e profunda consciência do Evangelho entre eles.

A aceitação do processo é a chave que abre a porta da libertação, a consciência de que temos uma raiz de amargura, a nossa tomada de decisão e vontade permissiva, permitira que o Pai Celestial arranque pela raiz toda amargura e suas filhas irrigadas na alma onde foram plantadas.

Como a amargura é uma raiz, se faz necessário descobrir onde estão enraizadas na alma, ou melhor, nas estruturas emocionais. A oração, estudo da palavra, intercessão e exorcismo evidente que são prioritários e importantes. No entanto, em experiências vividas no consultório como psicóloga clínica, percebo que pacientes cristãos que estão passando por um quadro depressivo, precisam de profissionais da área (Psicólogo) para ajudá-los a acessar essas estruturas que em sua grande maioria são estruturas enraizadas na amargura, ofensa e estruturas de orgulho. A negação e a transferência são mecanismo de defesas, que leva o cristão a não admitir que tem raízes de amargura crescendo dentro dele.

Pra. Nilsem Santos

Psicóloga Clínica e Palestrante

CRP-23/000940

1 comentário em “O que pode levar ao adoecimento emocional entre pastores e líderes cristãos?

  1. Paz … boa a palavra pastora Nilsem Santos…
    Aqui nos Estados Unidos temos visto pastores desanimados com o ministério por causa da constante mudança de membros, um dia está aqui outro dia ali, não tem firmeza nem fidelidade ….outro fator são os filhos , quando estes se desviam , trazem grande estrago no convívio familiar …

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