Rompimento de barragem em Mariana – Minas Gerais: Destruição da maior bacia hidrográfica do Sudeste

MARIANA E A MAIOR CATÁSTROFE AMBIENTAL DO PAÍS

No dia 5 de novembro, não só aconteceu o maior desastre ambiental do nosso país, mas, sim, a maior catástrofe da história nesse gênero (volume despejado de rejeito de barragem num rio).
A barragem de Fundão se rompeu na unidade industrial de Germano (MG), da Samarco Mineração, cujas donas são a Vale e a anglo-australiana BHP, em seguida a barragem Santarém também cedeu, provocando o despejo de cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério e água, segundo o IBAMA.

Uma onda de lama se formou, soterrando todo o distrito de Bento Rodrigues que devastou os locais por onde passou. O Rio Doce, que passa pelo Leste de Minas e desemboca no litoral do Espírito Santo, foi atingido e várias cidades tiveram abastecimento de água suspenso, caso mais grave em Governador Valares em Minas Gerais. A lama também passou pelos municípios de Baixo Guandu, Colatina e Linhares no Espirito Santo, e chegou até o oceano.

O Rio Doce passa pela região Central de várias cidades e a vista dele é considerada um dos cartões postais, além de ser a única fonte de captação de água dos 122 mil habitantes. Agora, a população está aprendendo a conviver com uma nova rotina e a prefeitura busca maneiras de continuar oferecendo água potável para a população.

Pelo menos 128 residências em Mariana-MG foram atingidas pela onda de lama e dejetos, e até o fechamento desta edição já foram encontradas 6 pessoas mortas e 12 ainda estão desaparecidas. No Espírito Santo, foi feita uma operação para resgatar peixes do rio antes que a lama chegasse ao Estado. Os animais, alguns deles endêmicos ou raros, foram levados para tanques de cultivo. A ideia é repovoar o rio quando voltar a haver condição de vida no local.


O desastre ecológico de Mariana exige atitudes firmes e rápidas com vistas à recuperação do Rio Doce. Já existem tecnologias ambientais que possibilitam soluções para a degradação de mananciais hídricos e a mineradora Samarco está na obrigação legal, ética e moral de assumir essa responsabilidade com o país.

Segundo ecólogos, geofísicos e gestores ambientais podem levar décadas, ou mesmo séculos, para que os prejuízos ambientais sejam revertidos. Os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo devem se transformar em desertos de lama. Esse resíduo de mineração é infértil porque não tem matéria orgânica. Nada nasce ali. É como plantar na areia da praia de Copacabana. Nada se constrói ali também porque é um material mole, que não oferece resistência. Vai virar um deserto de lama, que demorará dezenas de anos para secar.

E assim se deu o fim do nosso Rio Doce. Nosso, porque é patrimônio natural e de usufruto de todos. Deu-se de forma catastrófica e devastadora. Uns achavam que com as secas cada vez mais frequentes e intensas se daria em alguns anos, mas quis o homem (nesse caso, alguns homens) que se desse agora.

A maior bacia hidrográfica do Sudeste e a 5ª maior do Brasil foi assassinada, talvez um fim irreversível. E agora? Será mesmo que vale tanto todos os resultados econômicos de um capitalismo irresponsável? Irresponsável, porque o capitalismo tem que se desenvolver sim, mas de forma sustentável e responsável.

Que o Rio Doce descanse em paz, e que Deus tenha piedade de nós, e principalmente dos que têm responsabilidade por esta catástrofe.

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